Casos de sarampo no Brasil: o que sabemos sobre?

Victor
13/05/2022
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Saiba mais sobre os recentes casos de sarampo no Brasil e como podemos combate-lo.

Casos de sarampo no Brasil: o que sabemos sobre?

Longe de ser uma doença de criança, o sarampo tem ganhado destaque nos noticiários brasileiros recentemente. Isso porque, mesmo com uma vacina eficiente e aprovada contra a doença, a confirmação de novos casos, em 2022, trouxe de volta a preocupação da instalação de um surto no país, como ocorrido em 2019. 

Sabemos que o sarampo é uma doença viral, altamente transmissível e que, em casos mais graves, pode levar à morte. Diante disso, preparamos este artigo para compartilhar informações importantes sobre o sarampo – que pode ser prevenido -, que não acomete somente crianças e que tem voltado ao centro das preocupações em saúde pública nos últimos meses. Vamos lá?

O surgimento do sarampo

Para começar, vamos conhecer um pouco da história do sarampo. No século IX, o médico árabe, Ibn Razi (860-932), escreveu um dos primeiros relatos conhecidos sobre o sarampo. No entanto, foi somente em 1954, em Boston, nos EUA, que o Dr. John F.Enders e o Dr. Thomas C. Peebles conseguiram isolar o agente etiológico do sarampo. 

Já a vacina foi desenvolvida em 1963 e licenciada nos EUA no mesmo ano. A vacina contra o sarampo foi um marco para a história da medicina, principalmente na saúde pública, mudando drasticamente o cenário e possibilitando o controle de novos casos. 

Vale ressaltar que, anteriormente à descoberta da vacina, a cada dois ou três anos eram registradas significativas epidemias de sarampo, responsáveis por, aproximadamente, 2,6 milhões de mortes ao ano.

Mas o que é o Sarampo? 

Bem, agora que sabemos onde surgiu o sarampo, vamos entender do que se trata exatamente esta doença. O sarampo é  uma  doença  viral, grave, altamente contagiosa causada por um vírus com genoma RNA (Paramyxovirus do grupo Morbillivirus). 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença continua sendo uma das principais causas de morte entre crianças de todo o mundo, mesmo contando com uma vacina segura e eficaz disponível. 

Aproximadamente 110 mil pessoas, com menos de cinco anos de idade, morreram em decorrência do sarampo em 2017.

Quais são os sinais e sintomas do Sarampo?

O sarampo, geralmente, começa com tosse, coriza, acometimento de conjuntivas e febre. Depois de poucos dias desses sintomas, surgem as lesões do tipo exantema (erupções avermelhadas na pele), na região do tronco. As feridas não coçam e duram pouco mais de uma semana. 

No caso do sarampo, a febre costuma ser alta e começa, geralmente, entre 10 e 12 dias após a exposição ao vírus e dura entre 4 a 7 dias. Na fase inicial, o paciente pode apresentar coriza (“nariz escorrendo”), tosse, olhos vermelhos e aquosos. Pequenas manchas brancas dentro das bochechas também podem se desenvolver no estágio inicial. 

No entanto, o sarampo pode evoluir para uma forma mais grave da doença, na qual o paciente pode sofrer com diarréia intensa; desidratação; infecção de ouvido; perda da visão; pneumonia e até mesmo uma encefalite (inflamação do cérebro). Há casos, infelizmente pode, que a pessoa pode ir a óbito.

Engana-se quem pensa que o sarampo não afeta adultos. Nesses casos, a doença pode, inclusive, ser ainda mais grave, pois o diagnóstico é mais complexo e a ocorrência de complicações respiratórias está presente com maior frequência.

Há tratamento para o sarampo?

Não há medicamento antiviral específico para tratar o sarampo, somente medicamentos capazes de tratar os sintomas da doença, amenizando os desconfortos e evitando complicações.

Como ocorre a transmissão do Sarampo?

Tratando-se de uma doença causada por vírus, a transmissão do sarampo ocorre por contato e pelas vias aéreas superiores. O portador da doença gera aerossóis ao falar, tossir e espirrar, e a pessoa que está próxima pode se contaminar ao entrar em contato com as gotículas expelidas. 

Cerca de 90% das pessoas suscetíveis adquirem sarampo ao entrar em contato com alguém contaminado. O vírus do Sarampo acomete somente humanos, ou seja, não acomete animais e seu período de incubação varia de 8 a 13 dias.

Segundo a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), o sarampo é uma das doenças mais transmissíveis: uma pessoa com a doença pode infectar até 18 pessoas não vacinadas – ou que não tenham tido a doença anteriormente. 

Como podemos prevenir o sarampo?

Vamos agora para a parte fundamental no controle de doenças altamente transmissíveis, como o caso do sarampo: a prevenção. No caso do sarampo, há a vacina, que é extremamente efetiva e tem poucos ou nenhum risco. 

No entanto, informações enviesadas podem comprometer as ações de prevenção, como as disseminadas por um médico inglês, Dr. Andrew Wakefield, há alguns anos, que diziam que a vacina seria capaz de desencadear autismo. 

Muitos pais acabaram por acreditar na teoria do médico e optaram por não realizar a vacinação em seus filhos. Sabemos o quanto uma desinformação pode afetar muitas vidas e gerar uma verdadeira crise na saúde pública, não é mesmo?

E como estão os resultados quanto à prevenção de sarampo no Brasil?

Por aqui, desde 2010, o Brasil tem apresentado casos esporádicos de sarampo, principalmente, no Estado do Pará. Os registros apontam para sinais alarmantes em relação ao número de pessoas não vacinadas. Ou seja, os casos chamam atenção para uma situação preocupante diante do risco do surgimento de surtos no estado, com possibilidade de disseminação para outros locais devido à circulação de pessoas.

Junto disso, o Brasil perdeu, em 2019, o certificado de erradicação do sarampo, devido à falha na adesão à cobertura vacinal, uma vez que algumas pessoas não completaram de forma adequada seus planos de imunização. As questões para isso envolvem aspectos filosóficos, religiosos, além, é claro, da falta de acesso aos cuidados associados à saúde em muitas regiões do país. 

Segundo a OMS, a vacinação de rotina contra o sarampo em crianças, combinada com campanhas de imunização em massa em países com altas taxas de casos e mortes, são estratégias-chave de saúde pública para reduzir as mortes pela doença em todo o mundo. A vacina contra o sarampo está em uso há mais de 50 anos e é segura, eficaz e acessível economicamente. Imunizar uma criança contra o sarampo custa menos de US $1.  

A vacina contra o sarampo é, frequentemente, incorporada às vacinas contra a rubéola e/ou caxumba. Seu efeito é igualmente eficaz na forma única ou combinada.

E hoje no Brasil, como estamos em relação aos casos de sarampo?

Em decorrência dos últimos anos, temos um cenário alarmante sobre o sarampo no Brasil. Este ano, a confirmação de casos de sarampo trouxe de volta a preocupação da instalação de um surto gerado por essa doença, como aconteceu em 2019.

De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019, foram 18.203 casos confirmados e 15 mortes no país. Com isso, como dissemos anteriormente, o Brasil perdeu o certificado de erradicação da doença, concedido em 2016 pela Opas (Organização Pan-Americana de Saúde).

Durante todo o ano de 2020, foram notificados 883 casos no Estado de São Paulo, sendo 354 deles em crianças menores de 9 anos. A única morte registrada foi nesta faixa etária. Já em 2021, foram registrados 09 casos e nenhuma morte.

Por conta das medidas não farmacológicas adotadas para contenção da Covid-19 – como uso de máscaras e higiene das mãos -, os números de casos de sarampo haviam diminuído, já que a doença também se dá pelas vias respiratórias. No entanto, continuamos com um surto no país. Até o dia 18 de abril de 2022, havia 02 casos positivos no estado de São Paulo e 25 em investigação no restante do país.

É sabido que a única forma eficaz de combater a doença é por meio da vacinação. Mas, infelizmente, o Brasil tem registrado coberturas cada vez menores. Segundo os dados do DataSUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde), no ano de 2021,  somente 49% da população tinha as duas doses do imunizante contra o sarampo – o número considerado ideal é 90% da população. 

É importante alertar que há necessidade de crianças serem vacinadas, além dos adultos que não foram vacinados em razão de alguma falha na cobertura vacinal.

Campanha de vacinação ativa 

Por fim, vale destacar que a campanha de vacinação contra o sarampo está em andamento. As ações começaram no último dia 03 de abril e, até agora, o número de doses aplicadas não chegou a 400 mil. O Ministério da Saúde estima que 18.822.908 brasileiros estejam aptos a receber o imunizante.

De acordo com a SBIm, são consideradas imunes pessoas que receberam duas doses da vacina, com o distanciamento de pelo menos um mês, a partir de 1 ano de idade. O Ministério da Saúde disponibiliza nos postos de saúde os imunizantes para pessoas de até 59 anos, mas não há limite de idade para receber a vacina. 

A SBIm destaca que, “em situações de surto, por exemplo, quando alguém desenvolve o sarampo em um ambiente de trabalho, todas as pessoas que não são vacinadas ou não sabem se são vacinadas devem receber a aplicação, mesmo aquelas com mais de 59 anos”.

O imunizante é indicado para pessoas a partir de 1 ano de idade e as duas doses devem ser aplicadas com pelo menos um mês de intervalo. Quem não tem certeza de que recebeu as duas aplicações pode se vacinar novamente. “Não há nenhuma contraindicação em aplicar a vacina em quem já a tomou ou em pessoas que já tiveram sarampo.”

No caso das mulheres, a indicação é engravidar um mês após receber a vacina e não se vacinar durante a gestação. Pessoas com imunossupressão só devem receber a proteção com autorização médica, já que o antígeno é feito com vírus vivo atenuado. 

Não precisam receber o imunizante pessoas que já tiveram a doença com diagnóstico confirmado por médicos e aquelas que já receberam as duas doses. 

Bem, esperamos que as informações compartilhadas aqui possam te ajudar na prevenção e no combate ao sarampo. A vacina salva vidas e uma postura de higiene e limpeza também protege de doenças. 

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Fontes: 

CARNEIRO,  I.;LIMA,  L.  Sarampo.  In:  LEÃO,  Raimundo.  Doenças  Infecciosas e Parasitárias: enfoque amazônico. 1ªed. Belém: Cejup: UEPa: Instituto Evandro Chagas,1997.

PETRONI, Maju.Brasil perde certificado de país livre do sarampo. [S. l.], 2 abr. 2019. Disponível  em: https://jornal.usp.br/atualidades/brasil-perde-certificado-de-pais-livre-do-sarampo/. Acesso em: 15 de abril de 2022.

CENTERS   FOR   DISEASE   CONTROL   AND   PREVENTION.   CDC.   Measles History.In: TEIXEIRA, Clever Marcos.Copyspider Anti-plágio: História. [S. l.], 2013.Disponível  em:  https://www.cdc.gov/measles/about/history.html.  Acesso  em:  15 de abril de 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Guia de vigilância em saúde. v. 3 edição, 2019.

JESUS, H. S. DE et al. Investigação de surto de  sarampo no Estado do Pará na  era da eliminação da doença no Brasil. 2015.

Sarampo. OPAS – Organização Panamericana de Saúde (OPAS)/ Organização Mundial da Saúde (OMS). Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/sarampo. Acesso em: 15 de abril de 2022.

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